Einsturzende Neubauten:

 

Blixa Bargeld, N.U. Unruh, Alex Hacke, Roli Moser e Jochen Arbeit

 

Discografia:

 

"Fur Den Untergang" 

Single 1980

 

"Kalte Sterne" Single 1981

 

"Kollaps" Cd 1981

 

"Durstiges Tier" Single 1982

 

"Die Zeichnungen Des Patienten O.T." Cd 1983

 

"Strategien Gegen Architekturen 80-83" Cd 1984

 

"Yu-Gung" Single 1985

 

"Halber Mensch" Cd 1985

 

"Funf Auf Der Nach Oben Offenen Richterscala" Cd 1987

 

"Haus Der Luge" Cd 1989

 

"Feurio!" Single 1990

 

"Strategies Against Architechture II" Dcd 1991

 

"Die Hamletmaschine" Cd 1991

 

"Tabula Rasa" Cd 1993

 

"Interim" Single 1993

 

"Malediction" Single 1993

 

"Stella Maris" Single 1996

 

"Ende Neu" CD 1996

 

"Nnnaammm Remixes"

Single 1997

 

"Ende Neu Remixes" Cd 1997

 

"Total Eclipse of the Sun"

Single 1999

 

"Silence is Sexy" Cd 2000

 

"Strategies Against Architechture III" Dcd 2001

 

Vídeos Documentários:

 

"Halber Mensch" 1986

 

"Liebeslieder" 1993

 

"Das Auge Des Taifuns" 1993

 

Nunca o Ruído foi tão belo...

 

 

Os Einstürzende Neubauten não são apenas um projecto musical. São uma instituição reconhecida em todo o mundo. Somente os Kraftwerk se equiparam em importância, no que concerne à música feita na Alemanha. Herr Bargeld e respectivos comparsas abriram as portas à música cantada na estranha língua de Bismark. Esta é uma história que remonta há 20 anos atrás, sobre uma banda que vale pela coerência e consistência do seu trabalho.

 

Não é fácil falar daquela que é uma das mais míticas bandas do panorama musical. Nunca uma banda foi tão marcante, tão sedutora, tão poética, tão experimentalista... Nunca um projecto musical marcou tanto uma geração de músicos ou simples adolescentes fartos da decadência do "punk".

Depois dos Kraftwerk, os Einstürzende Neubauten ("Collapsing New Buildings") foram a banda que mais marcou uma Alemanha dividida pelo Muro. A Berlim dos anjos deu à luz o mais enigmático projecto musical de que há memória. Uma mistura de ruído, poesia, desilusão e paixão. Um poeta seduziu. Blixa Bargeld, a força motriz dos Neubauten, o anjo inspirador de Wim Wenders, o anti-cristo que salvou da redenção um Nick Cave pós-Birthday Party afogado nas drogas.

Mas como caracterizar os Neubauten? Pelos conceitos estéticos e de imaginário foram colocados pelos media nas correntes da música industrial. Porém, a principal razão para tal tem a ver com o simples facto de não haver conceito que os definisse. Ainda hoje não há certezas quanto àquilo que era produzido em termos sonoros pelos Neubauten.

O que vale a pena referir é que estes berlinenses conseguiram passar a sua mensagem, de que tudo pode ser música, a partir de um qualquer objecto. Os Neubauten nunca seguiram regras e criaram a sua própria definição de som. Os instrumentos construídos pelos próprios, e a maquinaria diversa utilizada, fez com que fossem marginalizados no início pela forma radical como os utilizavam. Hoje, a escola permanece, e a influência num sem número de bandas é por demais evidente. Apenas os mais incultos poderão ignorar a sua influência musical e estética.

Mas de "bichos estranhos e esquisitos", os Neubauten são hoje verdadeiros representantes de um estatuto artístico de vanguarda que é motivo de orgulho para o povo alemão e é hoje um dos seus grandes produtos de exportação.

 

"Ouçam com dor"

 

Em 1980 nascia em Berlim um conceito artístico que se alimentava na mensagem "ouçam com dor" ("hor mit schmerzen"). Álbuns como "Kollaps", "Strategen Gegen Architekturen" ou "Zeichnungen Des Patient OT" ajudaram a cultivar uma espécie de culto demoníaco em torno da banda.

"Nós queremos expandir a música até ao ponto em que não haja mais nada senão música", explicava o baixista Marc Chung acerca dos Neubauten aos jornalistas, nos primórdios da banda.

Os seus espectáculos eram famosos pela energia, que por vezes chegava a ser claustrofóbica, acabando muitas destas performances com a destruição dos palcos. No entanto, nunca quiseram ser violentos, agressivos ou destrutivos. Apenas acreditavam que cada concerto poderia ser o seu último espectáculo.

Somente em 1984 ousaram sair de Berlim, para uma digressão pelos EUA, onde o culto começava a surgir. Com "Halber Mensch", em 1985, trabalho considerado uma das obras primas do industrial, a banda começa a ser aclamada pela crítica.

À parte desta questão, este trabalho marca de alguma forma o som da banda. Produzido por Gareth Jones com os Neubauten (até à altura John Caffery tinha sido o único produtor), este álbum mostra uns alemães mais maduros, com músicas estruturadas, afastando-se de algum do anarquismo que reinava nas suas primeiras composições.

Nesta altura, Blixa Bargeld dividia o seu talento entre os Neubauten e os Bad Seeds de Nick Cave. A influência de Cave fez-se sentir - e de que forma - no trabalho seguinte. "Fünf Auf Der Nach Oben Offenen Richterskala" (1987) marca o primeiro ponto de viragem na carreira da banda berlinense. O ruído começava a desvanecer-se e a melodia a apoderar-se dos músicos. Em 1989, "Haus Der Lüge" vê a luz do dia, cada vez mais longe das raízes e cada vez mais perto de conceitos musicais e melodias "cavianas", este álbum é uma crítica mordaz ao catolicismo e ao Vaticano, a quem Bargeld acusa de ser "a casa das mentiras".

"Tabula Rasa" (1992), o mais aclamado trabalho da banda, complementa o percurso sonoro dos Neubauten. Chegava-se, no entanto, ao fim de uma era.

Só em 1996, haveria de surgir um novo trabalho. "Ende Neu", o novo fim da banda ou um novo começo "em que era preciso mudar algo", como afirmou Bargeld na altura. Agora sem o baixista Marc Chung e o operário maior da banda FM Einheit, que saiu a meio das gravações, os Neubauten arranjaram novos colaboradores, como Roland Wolf (ex-Bad Seeds e já falecido). Um álbum algo esquecido, mesmo pelos fans da banda.

 

Porque o silêncio pode ser sexy!

 

Os Einstürzende Neubauten voltaram à carga no ano passado com "Silence is Sexy", uma obra maior de uma banda que muitos já julgavam extinta. Aclamados pela crítica e pelos fans, a banda percorre neste álbum os ambientes cada vez menos ruidosos, assimilando uma estética cada vez mais perto do "cabaret" berlinense.

Esta progressiva suavização do seu som permitiu-lhes fugir da aura de violência que os perseguia. Ao longo dos tempos o seu som foi sempre feito de momentos belos. Poucos os compreenderam e muitos descobriram-nos tarde.

Este gosto pela melodia apenas representou a evolução natural da banda, que muitos não compreenderam ou não conseguiram. "Einstürzende Neubauten é ruído positivo", esclarece Bargeld. Aqueles que não desapareceram no mundo industrial, caíram na facilidade da música de dança. SPK, Cabaret Voltaire ou Clock DVA são apenas alguns exemplos.

Sem os Neubauten não existiria música industrial, nem as batidas métricas do tecno, nem os Das Ich alguma vez ousariam cantar em alemão. Já perceberam porque razão os Neubauten são os padrinhos de toda uma corrente estética? "Destruction is not negative, you must destroy to build".

 

Jorge Oliveira

Jornalista

"Gritos Quase Nocturnos"

 

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