V/A Borland "Looking for Stars" Cd 2002
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V/A Borland "Looking for Stars" Cd (2002)
Cinco bandas, três temas cada e uma diversidade musical assinalável é assim que podemos caracterizar a terceira compilação da jovem editora BorLand. O disco abre com mais uma amostra fantástica daquele que é, na altura, a maior revelação nacional. O projecto Old Jerusalem aparece aqui com três temas despidos, intimistas onde a voz de Francisco Silva e a guitarra elevam o espírito a um ambiente de sonho. “Rubies” e “Sleep and Dream” são temas exclusivos desta compilação ao passo que “To be Special” é um tema que aparece em “April” e que aqui se apresenta numa versão completamente diferente. E com surpresas continua o disco. Depois de vencerem o festival 365 e, mais recentemente, o Termómetro Unplugged os Alla Polacca apresentam mais três temas novos nesta compilação. “Brightned Star”, “Geonav” e “Papa” mostram-nos uma banda cada vez mais coerente e à procura de uma identidade própria. A qualidade dos temas é, de facto, impressionante demostrando originalidade, arrojo e coragem em inovar. O tema “Geonav”, por sinal um dos mais bem conseguidos da compilação, tem a participação especial de Old Jerusalem ao passo que “Papa” promete vir a ser o “single” de sucesso da banda devido à sua estrutura facilmente assimilável e refrão repetitivo. Seguem os Polaroid com “Lowlands”, “G1” e “n.m.h.s”. A melancolia de “Lowlands” transporta-nos para um universo bucólico em tons de cinzento onde o amor perdido tende a ficar para sempre no esquecimento. Mais do que uma banda de canções, os Polaroid mostram-se nesta compilação como uma fábrica de sentimentos que, sem rumo definido, procuram uma identidade. “G1” é um tema a ter em atenção. E para dar um ar de graça e fazer descer os níveis de depressão que esta compilação estava a atingir, cá se apresentam os Boiar. Deles tudo se pode esperar, umas coisas muito boas, outras que nem por isso mas sempre com um sentido crítico apurado. “Luzíadas”, “Velvet Veins” e “Le Mutant” são temas já editados pela banda nos seus trabalhos anteriores e que aparecem aqui para dar mais visibilidade ao abrangente trabalho de sonoridades praticado pela banda. “Luzíadas” é um tema sem descrição, “Velvet Veins” é um tema cheio de fumo e perfume jazz. “Le Mutant” segue a linha de “Luzíadas” ou seja, uma coerência incoerente onde tudo está no sitio certo mas de pernas para o ar. Uma das mais agradáveis bandas nacionais dos últimos anos. E por fim temos os Abstrakt Circkle com “Suite Sergette”, Helen Aubergine” e “www.toilleettee-seat.com”, temas incluídos na maqueta “Century City Bar”. Uma banda cheia de força e originalidade que nos seus espectáculos ao vivo choca e agride todos os presentes com concertos cheios de energia. Em disco essa genialidade dilui-se numa gravação que já não representa o verdadeiro valor de uma das mais estranhas e teatrais bandas do momento.
Nota de destaque para o trabalho gráfico, mais uma vez, que a BorLand teve com este disco. Bastante minimal e apelativo a mostrar que com pouco se pode fazer muito.
Artur Silva
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