Cenobita:

 

Claus Bita

 

 Discografia:

 

"Cybertuality" Tape 1995

 

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"Visiones" Tape 1996

 

Portada Visiones

 

"Neo Milenio" Cd 1999

 

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"Metamorphosis" Cd 2002

 

 

 

  Compilações:

 

- From Trance to Cyber

- Obsidiana 1.0

- Paraiso Holocausto

- Cryonica Tanz V.1.0

- Dystopian Visions

- Cyberpolis - A Darker Dancefloor

- Sonic Seducer / Cold Hands Seduction XII

- Access [one]

- Der Seelen Tiefengrund

O Cyberpunk mexicano à conquista do Velho Mundo

 

“Cidade do México... fim do Milénio.. novo milénio. Ciclo universal de progresso, dinâmica implícita em tudo conhecido pelos humanos. Mudanças nas nossas vidas, impostas por uma temporalidade acelerada. Irreal e distorcida percepção da realidade, moldada pela incongruência e actos perturbados. Caos organizado manipulando, usando e destruindo as massas, inexorável duelo entre razão e sentimento, destruindo o equilíbrio de ambos, arrancando a carne dos nossos corpos e expondo a verdade acima de tudo...” Cenobita 2000

“Cenobita é processador e pensador, Cenobita é contemplador e algorítmico, Cenobita é uma âncora sábia, fio e artéria, Cenobita é cyberpunk, um ruído sublime, Cenobita é a verdade, sangue e óleo, Cenobita é cartilagem e solda, Cenobita é evolução e renovação, Cenobita é novo milénio... é novo milénio..” Cenobita

 Não consigo encontrar palavras que descrevam melhor este projecto mexicano, para além destas por Ele utilizadas. Ele, o Cenobita, Claus Bita, com quem a nsi teve o privilégio de travar uma conversa, via e-mail, que se traduz nesta entrevista. Muito mais haveria para dizer... Mas basta a música e as letras para conseguirmos penetrar no imaginário deste Cyberpunk do novo milénio que agora se prepara para conquistar o velho mundo.

 

nsi: Como começou Cenobita e quem são os elementos da banda?

 

Claus: Cenobita começou em 1994, na Cidade do México, a minha terra natal. Na altura comecei numa banda alternativa/hardcore (punk), tocava guitarra. Conheci Omar ( o meu ex colega) e quisemos formar uma banda electrónica. O projecto nasceu nessa altura e lançámos duas demo-tapes: “Cybervirtuality” e “Visiones”. Desde o início a banda foi cyberpunk. Sentia-me muito atraído pela visão da realidade de William Gibson, pelo que até hoje o cyberpunk continua a influenciar as minhas letras. Depois de algum tempo a trabalhar em conjunto, Omar saiu da banda e eu tomei as rédeas de Cenobita a 100%, fazendo toda a parte vocal e tornando a banda num “one man show”.

 

nsi: Parece que também foste influenciado pelo filme Hellraiser. O nome Cenobita e todo o ambiente cyberpunk podem ser-lhe atribuídos?

 

Claus: Eu gostei do filme (parte 1 e 2, apenas), mas na realidade Cenobita nada tem a ver com as personagens da história, até porque não são imagens que reproduzam com fidelidade o real significado de Cenobite. Gostei do ambiente do primeiro filme, e achei-o um filme de terror diferente. Mas definitivamente não encontro nenhumas semelhanças com o conceito por detrás de Cenobita, uma vez que é mais próximo ao “Neuromancer” de William Gibson do que a qualquer outro conceito.

 

nsi: O Omar não era quem fazia toda a parte vocal de Cenobita? Agora fazes tudo, programações e voz. Deve ser difícil fazer todo esse trabalho sozinho durante um espectáculo ao vivo, estar só em palco. Já vais para o palco com a música toda programada ou convidas músicos para as actuações ao vivo?

 

Claus: Era o Omar quem costumava cantar a maior parte das músicas, mas sempre cantei em actuações ao vivo desde que o fiz em duas músicas no Neo Milenio. Estou bastante satisfeito a trabalhar sozinho. É certamente difícil fazê-lo, mas vale a pena. Ao vivo, no palco, há sempre alguém a ajudar-me. O seu nome é Rodolfo (Oxido – ebm), é um amigo de longa data também envolvido na indústria da música. Também trabalho com um outro músico amigo nos EUA, o seu nome é Juan (Coito – power electronics) e ambos me ajudam com os teclados ao vivo.

 

nsi: É fácil fazer o estilo de música de Cenobita no México? O público mexicano é receptivo à música electro-industrial?

 

Claus: Nem por isso, é difícil porque as pessoas continuam a esperar uma banda rock em palco. Não é fácil quebrar o esquema dos espectáculos rock ao vivo, para além disso há sempre patente o problema económico das pessoas: nos países do Terceiro Mundo geralmente ou comes ou compras um sintetizador.. naturalmente, as necessidades básicas vêm em primeiro lugar. É por esta razão que não há muitos projectos electrónicos por aí. Apesar disso houve um grande crescimento, temos bandas que vêm tocar cá ao México, tal como os VNV Nation, In Strict Confidence, Assemblage 23, E-Craft, etc. Há mais gente a prestar atenção à música electo-industrial. Mas definitivamente, há ainda um longo caminho a percorrer até haver uma corrente nesse sentido. No México as tradições, a par com questões sociais e crença religiosa, são muito fortes na nossa cultura, é difícil abrir caminho. Mas estamos a trabalhar nisso ;)

 

nsi: Na minha opinião, as tuas músicas podem ser classificadas como electro-industrial, concordas?

 

Claus: Acho que todos gostamos de classificar a música. Pessoalmente diria electro-cyberpunk. Electro pela música e cyberpunk pela letra. Mas nos dias que correm, toda esta mistura de estilos, é pouco razoável tentar pôr um nome a um híbrido. É apenas música electrónica, com todas as suas diferentes variações.

 

nsi: Nos dias de hoje a maioria das bandas que começaram por fazer EBM ou Electro-industrial estão agora a orientar-se para música de dança, muitas dedicam-se ao synth-pop ou tecno e fazem mais músicas para pistas de dança, mas Cenobita tem vindo a manter um estilo mais agressivo de electro. Estarás tentado a fazer música de dança ou tencionas manter-te no estilo actual?

 

Claus: Suponho que tudo girará à volta de dinheiro. As bandas electro precisam de estar em voga, precisam estar actualizadas em termos de som e tecnologia, blá, blá, blá. Os músicos electro de hoje estão mais interessados em conseguirem um êxito do que divertirem-se. Escrevo o que quero, o que me apetece e penso que os meus filhos (ou músicas...) nunca foram pensadas para serem grandes êxitos. Foram apenas concebidas e sentidas como uma maneira de expressar sentimentos. Basicamente faço o que “sai” no momento. Qualquer estilo é bom, synthpop, tecno, dança, industrial, metal, gótico... Cada um faz o que mais gosta. Aprecio bastante psytrance e goa, gosto do som tecno. Não tenho ouvido, ultimamente, muitas bandas EBM, soam todas ao mesmo. Uma coisa te digo, o som de Cenobita vai mudar no próximo lançamento.

 

nsi: Sei que vais fazer concertos ao vivo aqui na Europa, é a primeira vez que vens ao velho continente? É fácil, para uma banda do México, espalhar o seu som pelo resto do mundo?

 

Claus: Sim, é a primeira vez que toco na Europa. Vou tocar no WGT 2002 em Leipzig, e dar mais alguns concertos na Holanda, Dinamarca, Inglaterra e Espanha por volta dessas datas, mas nada ainda está confirmado. E não, não é nada fácil essa expansão. Cenobita é uma banda desconhecida na Europa, mas ando nisto há uns anitos. Nada é fácil, mas ultimamente as coisas têm corrido bem para o meu projecto. Há pouco conhecimento da música electrónica que se faz no México, o que se sabe dos mexicanos são os sérios problemas económicos e distúrbios sociais. Não vou conquistar o mundo com o meu som ou com as minhas músicas, apenas mostro o que vou vendo que se passa à minha volta. E se alguém prestar atenção pelo caminho, já me sinto com sorte.

 

nsi: O que podemos esperar de um concerto de Cenobita? Imagino um cenário escuro com correntes no palco, óleo no chão e um Cenobite, vestido de couro preto a cantar. Podes descrever-nos a parte visual dos vossos concertos?

 

Claus: Bom, adoraria fazer isso na Europa, mas não é tão fácil fazer um concerto assim dado que o orçamento não permite um cenário especial. No passado usávamos isso, muitas correntes e mais adereços, mas é difícil viajar com tudo isso sem orçamento que o suporte. Esquece o óleo em palco!! Demasiado escorregadio para actuar ;) Quanto ao cabedal, não é muito o meu estilo! Não sei ainda o que vou oferecer às multidões europeias, é esperar para ver.

 

nsi: Os EUA estão agora receptivos à música electrónica feita na Europa, pela primeira vez. Tenho-os como mais virados para o rock. A tua música é igualmente bem recebida nos EUA?

 

claus: A música rock fará sempre parte do modo de vida americano!! Mas ultimamente a música electrónica americana está em força, desde que descobriram este novo estilo. Pessoalmente estive mais envolvido com guitarras nos primeiros anos, ajudou a quebrar a barreira com o público não muito receptivo à música electrónica. Deixei o instrumento porque me fartei do som. Novas bandas dos EUA têm um som forte, será a próxima onda. Bandas como Assemblage 23, God Module, Negative Format, Lost Signal são novos talentos que irão tomar conta da música electrónica dado que oferecem um som diferente e não estão orientados para o rock. Já para não falar de outras bandas fantásticas. Quanto à música Cenobita, tem sido bem aceite por quem a ouve. É ainda desconhecida por aqueles lados, toquei lá poucas vezes. O único sítio onde é bem conhecido é em Los Angeles (toquei lá três vezes), mas é como se tocasse no México, a maior parte do público era mexicana!!

 

nsi: As tuas primeiras músicas tinham letras espanholas, correcto? E agora ouvi Cenobita em inglês, porque adoptaste essa língua?

 

Claus: Não é bem assim, e se calhar até tens alguma razão. Nas primeiras duas demos, era tudo em espanhol. Mas com o primeiro álbum pensei em alterar algumas para inglês, é a minha segunda língua. Vivi nos EU algum tempo, já há muito, e dado que o CD é para ser distribuído em todo o mundo, seria necessário usar letras em inglês para dar a conhecer as músicas. As letras são muito importantes para Cenobita, quantas mais pessoas as compreenderem, melhor. Acontece que as minhas músicas não são escritas da forma mais convencional, têm uma aproximação mais cyberpunk. Podes acabar por estar a ouvir uma música de amor com letras perversas ou uma faixa sobre o terrorismo com ritmos calmos. As minhas letras são para ser entendidas como se quiser, têm uma história, mas cabe a cada um descobri-la. Estejam à vontade para formar uma imagem na vossa mente, façam-na vossa e entendam-na como preferirem.

 

nsi: Gravaste o teu último álbum em 1999, para quando o próximo?

 

Claus: Neste momento estou em estúdio, espero que saia em Abril. Um novo álbum, um novo som, uma nova imagem. Tudo é novo neste álbum. Haverá canções em espanhol e inglês, vamos em novas direcções. Não gosto de me sentir preso num só estilo. Terá um cenário mais dançável que o Neo Milenio, com vozes diferentes. Definitivamente será um álbum mais pessoal que qualquer outro por nós lançado até hoje. Tomei o meu tempo (eu sei, muito!!) porque tive muitos problemas pessoais, mas acho que me ajudaram a amadurecer o som deste novo projecto e, para mim, valeu a pena.

 

nsi: É bom ter tempo para trabalhar num lançamento e fazer música de que se goste, mas as editoras normalmente pressionam as bandas para que sejam mais facilmente compradas. Continuas a trabalhar com Opción Sónica? Ainda tens a liberdade para só fazeres o que queres e quando o queres?

 

Claus: Ainda estou a trabalhar no próximo lançamento com Opción Sónica para distribuição no México, e na Europa será com a Trisol/Matrix cube. Até agora não houve pressão nenhuma seja de quem for quanto à música de Cenobita. Quem manda e decide como se faz a música sou eu. A não ser que me contratem para um projecto específico... como uma banda sonora de um filme, por exemplo...

 

nsi: Podes dizer-nos um pouco mais acerca deste novo lançamento? Qual será o seu nome? Dizes que será muito diferente, mas podemos esperar o cyberpunk poderoso a que nos habituou Cenobita?

 

Claus: O novo álbum chama-se “Metamorfosis” e mostra as mudanças de Cenobita desde o início. As letras falam dos mesmos assuntos sociais cyberpunk, coisas que me espantam no comportamento humano e as circunstâncias de hoje. É muito mais pessoal que o Neo Milenio, terá um som diferente porque usei um equipamento novo. É um estilo mais dançável que o anterior, mais tecnológico, mas não na mesma onda europeia. Ouvi muito psytrance e música electrónica pesada e acho que me influenciou. Não quer dizer que imite, é apenas música Cenobita.

 

nsi: Vais promover o teu novo lançamento com uma digressão? Os espectáculos que farás na Europa são parte dessa digressão ou são concertos isolados?

 

Claus: A Wave Gothic Treffen convidou-me, por causa do Neo Milenio, mas vou tocar pela primeira vez na Europa, altura em que sairá o novo álbum. Vou tocar músicas de ambos, mas não especificamente promover este último. Só promoção de Cenobita. Não será uma digressão, vou tocar e, se tudo se concretizar como previsto, deixo a digressão para mais tarde. Eu aviso-te quando souber.

 

nsi: Quais os teus projectos para o futuro?

 

Claus: Tocar na Europa e onde for possível. Estou a trabalhar na banda sonora de um filme francês (desculpa, mas não posso dizer qual!) que sairá mais para o fim do ano. Vou continuar a trabalhar em coisas novas, fazer remixes de músicas de outros artistas. Acabei de fazer os remixes de uma música de uma banda brasileira, Aghast View, e vou fazer o mesmo para uma alemã, ASP, e ainda umas outras a anunciar oportunamente. E, finalmente, vou mudar-me para a Austrália...mas não será para breve, podem contactar-me na minha morada no México ;)

 

nsi: Não sabia que fazias remixes para outras bandas. Que tal é dar um toque e sentimento pessoais em músicas criadas por outros?

 

Claus: É muito bom. Não tenho gasto muito tempo ultimamente com isso, tenho que acabar os meus próprios projectos primeiro! Mas é uma oportunidade engraçada dar o nosso toque pessoal. Espero voltar a fazê-lo num futuro próximo. Até agora ninguém fez remixes de músicas minhas, mas assim que o álbum sair...

 

nsi: E outras bandas com remixes de Cenobita? O novo álbum não vai ter faixas re-misturadas?

 

Claus: No álbum não, talvez num single. Vou contactar outras bandas nesse sentido, talvez algumas aqui no México o façam, talvez outras brasileiras (deverias saber quem!), alemãs e norte-americanas... vai ser uma surpresa...

 

nsi: Tenho curiosidade e sinto-me tentado a saber mais acerca da banda sonora do filme francês, sei que ainda não podes divulgar! Mas podes dizer-nos se estás encarregue de toda a banda sonora ou se dividirás a tarefa com outras bandas?

 

Claus: Vou fazer duas músicas enquanto Cenobita. Haverá mais músicos, Cenobita e mais dois. As músicas são banda sonora original, não estarão disponíveis senão no filme.

 

nsi: Vais mudar-te para a Austrália para viver lá ou é apenas temporário? Esta mudança está relacionada com Cenobita?

 

Claus: Nem por isso, é apenas um desejo meu.. mas espero concretizá-lo nos dois próximos anos. Nada tem a ver com Cenobita, é apenas uma preferência pessoal.

 

nsi: Tencionas fazer concertos ao vivo em Portugal?

 

Claus: Seria bom fazê-lo, mas ainda não há essa perspectiva. Não conheço o mundo electro português, mas seria muito bom porque não há problemas de língua, pelo menos é mais fácil que alemão ou sueco!! Desta vez não, mas vou ver o que posso fazer.

 

nsi: Alguma mensagem que queiras deixar aos teus fãs que vão ler esta entrevista?

 

Claus: Obrigado por lerem tudo até ao fim, espero vê-los em Maio e cumprimentá-los pessoalmente ou em Leipzig ou, indo a Espanha, sempre é mais perto de Portugal. O mundo está em constante mutação, mantenham os olhos bem abertos e poderão testemunhar a evolução da humanidade. Fiquem bem... e comprem o novo álbum!!!

Obrigado.

 

Para mais informações, p.f. contactar: www.cenobita.com

  

Leonel Silva

(Janeiro 2002)

Tradução: J. Macau

 

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