Kung Fu Trunx:

 

Miguel "Aramis" Ribeiro

 

 Discografia:

 

Maquete 1 1997

 

 "Nux" Maquete Cd 1999

 

 

 

  Compilações:

 

- Promúsica n.º 38

- Promúsica n.º 39

 

Formado em 1997,  kung-fu trunx  é um projecto pessoal, que pretende transmitir ideias e principalmente sensações. Um projecto egoísta, egocêntrico e despojado de qualquer pretensão  comercial é aquele que vamos tentar dar a conhecer nesta entrevista realizada com Miguel Ribeiro, o mentor e fundador dos kung-fu trunx.

 

GQN: Como surgiu este projecto?

 

KFT: Este projecto surgiu em 1997, eu já tinha uma banda os CIOSOON mas tive necessidade de fazer um projecto, pessoal, em que todas as ideias que por vezes tinha e que não se adequavam a CIOSOON pudessem ser trabalhadas e ouvidas. Este é um projecto essencialmente electrónico, (sintetizadores, samplagem, etc.) apesar de também existir guitarra eléctrica, baixo e voz,  mas tudo passa pelo computador. Tive um grande incentivo, e se calhar foi por isso que continuei com ele (projecto). Mesmo no principio, tinha eu acabado de fazer uma maquetezinha com apenas 3 músicas mal gravadas à pressa, mandei-a para o concurso Prémios Maquete. Para minha surpresa, venci na categoria de Dança, não foi o prémio em si que me fez continuar mas sim o facto de saber que afinal tinha algum jeito para isto e que alguém gostava, ainda por cima logo no principio e sem qualquer tipo de divulgação ou conhecimento. Bons tempos...bons tempos... as miúdas... ai as miúdas... bem continuando...

 

GQN: Que bases musicais foram levadas em conta para realizar um projecto desta natureza?

 

KFT: Sou um apaixonado pelos instrumentos electrónicos e computadores, as lições de piano que tive quando era puto também me ajudaram,  e como já disse, isto foi um projecto surgido a partir de ideias de CIOSOON. Em relação ao tipo de música que ouço e que talvez me possa influenciar, é um bocado variado, pois não ouço só um tipo de música e até tenho dificuldade em catalogar-me, mas gosto de ouvir grupos como Tricky, Massive Attack, Thievery Corporation, Saint Germain, Cool Hipnoise, Senser, Prodigy, Chemical Brothers, Nine Inch Nails, Kraftwerk, etc.

 

GQN: Os Kung-Fu foram uma pedrada no charco numa altura em que este estilo de música estava a dar os seus primeiros passos em Portugal, foi galardoado com os prémios maqueta e teve uma certa projecção nos média. Como é que até hoje não fomos brindados com um registo discográfico?

 

KFT: Pois é, era e continua a ser um bando de bandas, de bandas não por que aquilo não se podem chamar de bandas, que dominam o panorama musical, infelizmente é assim e quem controla isto não está virado para a mudança, faz-me lembrar uma frase antiga: “Quereis o povo humilde? Dai-lhes vinho...” Apenas alguns têm vontade para essa mudança, como por exemplo alguns programas de rádio,  alguns eventos esporádicos (Prémios Maquete, alguns concertos como: cais do rock, outros rituais, palcos secundários de alguns festivais, alguns Jornalistas, etc..). Quanto ao registo discográfico, apesar de ter tido boas criticas e ter dado bons concertos, a verdade é que às poucas editoras que consegui enviar a minha maquete, das duas uma, ou não gostaram, ou gostaram mas decidiram que aquilo não dá dinheiro, ou melhor ainda, nem sequer ouviram porque têm muito trabalho.

 

GQN: O facto de estares um pouco deslocado dos centros musicais portugueses tem alguma influência na, aparente, estagnação do projecto?

 

KFT: Posso dizer que sim, as oportunidades não são tantas como em Lisboa, ou até mesmo como no Porto e por isso torna-se difícil obter contactos,  a prova disso foi que enquanto estive a estudar no Porto, tive mais oportunidades de participar em concertos e rádios. O mesmo se passando em Lisboa, que das poucas vezes que lá fui, foram mais proveitosas que muitos meses na terrinha.

Neste momento a minha vida profissional anda um pouco atribulada e essa razão também é causa de alguma estagnação.

 

GQN: Como defines a música que fazes?

 

KFT: É música para ouvir mas não muito, e também para ver, pois eu ao fazer música associo sempre à imagem, talvez seja por isso que gostaria de fazer a banda sonora de um filme do David Lynch. Quanto a tipos de música, prefiro não ter que definir, pois isto é uma miscelânea do carago, há temas que podem ser de dança, outros mais industriais, outros mais experimentalistas, etc...é como na farmácia.

 

GQN: Embora produzas o que se pode chamar de música de dança, são visíveis influências de grupos de música industrial. Achas que existe, ou poderá existir, alguma relação entre estes estilos tão distintos?

 

KFT: Sim, é muito natural, pois a música electrónica também evoluiu pelo lado industrial e certos sons (samples) considerados industriais, são utilizados noutros estilos de música como por exemplo de dança ou  outra coisa qualquer.

 

GQN: O mercado nacional tem capacidade para receber um projecto destes? Ou, por outro lado, o mercado internacional é, no teu entender, uma aposta mais acertada?

 

KFT: Neste momento ainda é pouco recebido, este tipo de música é um pouco difícil de ouvir, mas acho que agora, o pessoal mais novo já está mais virado para novas experiências, vamos ver.

Infelizmente existem casos de bandas nacionais que depois de tentarem alguma coisa cá pelo burgo, vão para o estrangeiro e até têm sucesso, mas ainda assim isso cá não chega, é necessário ter mesmo muito sucesso, para depois sim, terem o reconhecimento merecido cá dentro. Lá dizia a minha avó: mais vale tarde que nunca.

 

GQN: Quais os projectos futuros para os Kung-Fu?

 

KFT:- Estou a pensar em arranjar tempo para editar um CD (edição de autor) ainda este ano, vou ver como me corre a vida, e se aparecerem ou me lembrar de  projectos interessantes estou preparado para isso.

 

GQN: O que pensas do panorama musical português?

 

KFT:- Em geral continua mau: muitos pimbas, muitos lobbyes, o pop nacional muito mau, salvo raríssimas excepções, na área mais alternativa, acho que têm aparecido bons projectos como são : Cold Finger, os novos Cool Hipnoise, Phast Mike, Just Someone, The Ant, etc.

 

No ar ficou um certo desgosto e desaprovação com aquilo que se passa no panorama musical nacional, no entanto a vontade de contrariar a tendência cada vez mais mercantilista que a música assume faz com que certas pessoas decidam partir para uma “aventura” por conta e risco. É sempre de louvar e apoiar.

 

Artur Silva

Jornalista

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